terça-feira, 26 de maio de 2015

Mergulhos na noite, de Paulo Caldas










Mergulhos na noite




Tenho nas costas a lua,
Rabisco, rascunho, papel,
Sou um arco-íris noturno
Singrando escuros, vidraças, pastel.

Reflito-a dependurada
Na aba do meu chapéu,
Menina, mulher, aquarela,
Entretela, entre azuis, lumaréu.

Imprimo pousos entrelinhas,
Bordo luzes a cinzel,
Urdo ouro, nanquim, serenata.
Luar de sede, de pedra, de prata.

Sou uma lua de lata,
Troféu trazido em tecido,
Nas dobras de um vestido,
Aconchego de pano puído...
Usada blusa sem cor
Despojo de roupa rota
Onde desfio debruns
E moradas de sóis.

Mergulho noites e aldeias,
Perscruto cavernas, candeias,
Medito em remansos de estrelas,
Embosco a lua e trago-a inteira,
Levitando em minhas mãos,
Luminosa bolha de sabão,
Impressa, tecida num véu,
A cinzel de serenata,
A luzes de ouro e prata...

Nanquim na vidraça do céu,
Sou a lua, rabisco, papel.



(Fonte: http://jac-versoreverso.blogspot.com.br/2014/06/poema-de-paulo-caldas_6.html .)

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