terça-feira, 14 de abril de 2015

Árvore Antiga, de João Barafunda

Árvore Antiga, de João Barafunda (João Francisco Coelho Cavalcanti)*

(Publicado sob o pseudônimo de Amália Peitiguary)


Esta árvore que vês, já desfolhada,
Pobre, batida pelo tempo, outrora
Guardou muitos segredos e adorada
Foi, como aquela que acolá vigora.

E, sem receio, a ela a passarada
Que trina ao longe, que a despreza agora,
Seus ninhos confiou. Árvore, coitada,
És velha triste, ninguém mais te adora!

Meu coração também, outrora cheio
De sonhares gentis, alimentado
Por um constante e amoroso enleio,

Como tu vive triste desprezado,
E nele eu hoje tristemente leio
A mesma sina tua, o mesmo estado.


*In João Barafunda, de Félix Lima Júnior, p. 72. João Barafunda é um dos pseudônimos utilizados pelo poeta João Francisco Coelho Cavalcanti. Amália Peitiguary é outro pseudônimo do poeta.


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