terça-feira, 26 de maio de 2015

Bem-aventurança, de Carlos Méro














Bem-aventurança



Bem-aventuradas as mulheres:
que se deixam desandar
no orgasmo dos crepúsculos,
porque por nada se desgrudam
dos encantos da criação.

Bem-aventuradas as mulheres:
que se doam sem reservas
aos mistérios do convívio,
porque jamais se convencem
da inutilidade dos encontros.

Bem-aventuradas as mulheres:
que nem um pouco se arreceiam
da magia da entrega,
porque sabem que se dando
se completam na procura.

Bem-aventuradas as mulheres:
que ainda que vexadas
pela armadilha da costela,
não consentiram que Adão
lhes afogasse a humanidade.


Bem-aventurados os homens,
finalmente,
aqueles, pelo menos,
que libertos das correntes
da macheza onipotente,
dão-se conta dos vazios
que só elas lhes preenchem.

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