Carniça
O
amor não coube mais em mim
Atravessou
a rua sem olhar de lado
Não
cumpriu suas promessas
Nem tão
pouco se importou com quem ficou
Pulou o
muro e caiu em outros braços
(O amor
me deixou assim feito um bagaço)
Cuidado,
então, ao andar aí
Seus pés
talvez não saibam aonde dói
O calo
que me arde o cotovelo
Aberto
em cicatrizes, inda supura
Portanto,
olhe direito:
Mas se
aviso agora tarde e pisas
Poquei,
quebrei, murchei
Não tem
problema
Uma dor
a mais a gente agüenta
Não vá
tentar colar ou cozer o que está roto?
Tem
coisas que nem ligam e nem se emendam
Há
saltos, como eu, que não se colam
E rabo,
como tu, de saia
Não
têm conserto.
Quem
vive de perna em perna de calça
Não
sabe e nem lhe passa pela mente
As
varizes que teceu sem piedade
Num
velho e ainda novo coração
(carniça,
que de longe a gente sente)
Você
que leu ou que pisou
Recolha-me
Logo ali
vai ver um cesto
Cuidado!
Tem dor
que provoca cada efeito
Não vá
me pegar de qualquer jeito
Não sei
quando estou molhado ou seco
Então,
tape o nariz, não perca tempo
Se grudo
em suas mãos, mesmo que tente
Não vai
tirar a nódoa que inda vaza
Do
esgoto a céu aberto no meu peito
Então,
“bola ao cesto”
Preserve
o ambiente (ele merece)
Favor,
modestamente, eu agradeço
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