terça-feira, 26 de maio de 2015

Tarde Sertaneja, de Moreno Brandão









Tarde Sertaneja



Declina o dia... Sobre a sáxea grimpa
De um serro azul, o purpurino disco
Do sol flameja e volta ao rude aprisco
Das ovelhas o armento. A clara e limpa

Toalha branca de estuário liso
Encrespa o vento... E na casinha as contas
Ao rosário discorre num sorriso
Uma ovelhinha. Prevalecem tontas

As mudas trevas de um negror funéreo...
E enquanto a rechinar os carros descem
Nas encostas de acerba asperidade,

Tomba-me n’alma o peso de um mistério,
E ao livor do crepúsculo recrescem
As sombras da tristeza e da saudade.



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