domingo, 26 de abril de 2015

A rua da casa do meu avô, de José Geraldo Marques





A rua da casa do meu avô



a rua da casa do meu avô
era ampla e bela
como a aurora
e nela
desaguavam (misturados ao ipanema)
todos os rios da minha esperança

a rua da casa do meu avô
era uma ponte
que ligava à cidadezinha
a mais distante galáxia
e por elas (às tardes das sextas-feiras)
passavam todos os touros da minha raça
aos quais a rude gente chamava gado

a noite da rua da casa do meu avô
era mais quilométrica que a da broadway
(embora anti-luzisse):
é que as constelações pareciam armadas para cair
ao menor sussurro de Deus...


(Fonte: http://bestiarioalagoano.blogspot.com.br/2010_12_05_archive.html .)

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