segunda-feira, 20 de abril de 2015

Novelo, de Fernando Fiúza


Novelo


Não se entra a soco no jardim da musa:
uma ponta de faca sai da porta
na direção da sua mão que confusa
já não sabe se escreve ou se se corta.
Sossega, deixa o verso aparecer
– agulha de sol na poça de chuva
incide na moeda que fissura
teus olhos tão cansados de beber.
Bem sei que toda insônia é pesadelo;
levanta, rega as plantas, faz um chá,
acende outro cigarro, vai no espelho
– Teus olhos tão cansados de chorar –
e o verso desce às cordas num novelo
feito de sangue e nuvem, devagar.


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