sexta-feira, 10 de abril de 2015

Pessoas e coisas, de Geraldino Brasil

PESSOAS E COISAS


Ha coisas tão desprezadas que lembram

        pessoas em abandono.

Assim o tijolo que sobrou da construção,

        o retrato além do número e que ficou

entre estranhos na gaveta

do fotógrafo, a palavra no dicionário, vizinha

da que saiu para o poema.



E mais a palavra sem acolhimento pelo próprio ouvido;

        o poema no canto da mesa, excluído

        do livro a publicar,

e o morto do outro enterro.



Mas há pessoas em tal abandono que lembram

coisas desprezadas, Senhor, que não ouso, expô-las

no poema, receoso de que, descobrindo-se ao sol,

duvidem da Tua Justiça e da Tua Misericórdia.



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