sexta-feira, 8 de maio de 2015

Soneto do Amor Condenado, de Lêdo Ivo










Soneto do Amor Condenado


Quem ama desama
toda vez que ama
e converte o gelo
em túrgida chama

e converte o rogo
da garganta rouca
em cifra de fogo
inscrita na cama.

Quem ama não ama
toda vez que ama.
O amor sempre fica
na beira da cama:

flama que não queima,
peixe sem escamas.



(Do livro Crepúsculo Civil, de 1990. In Lêdo Ivo: Poesia Completa (1940 – 2004), de 2004, p. 808.

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