segunda-feira, 20 de julho de 2015

A FELICIDADE DE UM SERTANEJO, de Cicero Manoel Cordelista
















A FELICIDADE DE UM SERTANEJO




Meu sertão tava tão seco
Que o chão tava rachado,
De joelhos eu pedia
Para meu Senhor amado,
Chuva pra molhar a terra
Pra eu plantar meu roçado.


Já tinha brocado a terra
Mas a chuva não caía,
Novena pra São José
Com a mulher eu fazia,
Vendo o sol torrando tudo
Eu chorava de agonia.


O pasto tinha morrido
A palma se acabado,
O barreiro aqui de casa
Tinha ha dois dias secado,
A vaca tava caída
E o meu burro enterrado.


Uma tarde eu combinei
Com minha esposa Maria,
De deixar nosso sertão
Na manhã do outro dia
Em busca de terra verde
Onde seca não havia.


Mas quando a manhã raiou
O dia amanheceu nublado,
E a chuva veio do céu
Deixando a gente inundado,
Numa semana o sertão
Ficou verdinho e molhado.


Logo plantei minha roça
Feliz, cheio de energia,
Minha vaca levantou-se
Vendo o pasto que nascia,
E na friagem da noite
Fiz um moleque em Maria.


A seca daqui sumiu-se
Graças a meu Deus amado,
O barreiro está cheio,
O meu roçado plantado,
Em meu cercadinho pasta
Cinco cabeças de gado.


Maria tá com o buchão,
Tá quase chegando o dia,
De nascer o nosso filho
Aqui nessa moradia
Que eu fiz para viver

Com fé e com alegria.

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