Está
chovendo aí ?
E
na sua vida ?
E
na sua alma ?
Se
chovia na noite em que nos vimos
e
conversamos pela vez primeira ?
Chovia
sim, e a cidade inteira
brilhava
sob a chuva que caía...
A
chuva, o frio, as luzes e o reflexo
daquela
gente tonta no passeio,
tudo
aumentava aquele meu receio
na
onda de amor que me envolvia !
Se
eu tremia na hora em que nos vimos,
num
nervosismo incompreensível ?
Tremia
sim, mas era irresistível
a
força que de ti me aproximava...
E
quando caprichosa pelo asfalto
a
chuva fez espelhos coloridos
eu
disse com ternura aos teus ouvidos
que
o teu encanto me enfeitiçava !
Se
era verdade o que eu te confessava
de
chofre como um grito inesperado ?
Verdade
sim, eu nunca tinha amado
e
disse o que pensava e o que sentia...
Sorriste
e em teus olhos de repente
As
meninas felizes me acenaram
refletindo
meus olhos que brilharam
numa
ventura que eu desconhecia !
Se
juntos nós andamos pela noite
quando
a chuva passou, sem ter destino ?
Andamos
sim, e o teu rosto divino
eu
afaguei com minhas mãos grosseiras...
O
sol e a chuva nos brindaram sempre
com
horas de perenes alegrias
até
que terminaram nossos dias
de
estima e confiança verdadeiras !
Se
eu fiquei triste e só quando tentada
por
um capricho ou por alguém talvez,
fugiste
dos meus braços certa vez ?
Eu
fiquei sim. E por sinal chovia...
E
a bendita chuva que te trouxe,
deixara
de ser boa e te levara
enquanto
nesta angústia me deixara
ilhado
de saudade e de ironia...
Se
eu te esqueci, agora que a lembrança
te
prendeu no passado sem piedade ?
Esqueci
sim. E se chega a saudade
já
não me encontra com as mãos tão frias...
Teu
vulto apagou-se na memória,
és
uma sombra e não me fazes mal...
Agora,
a chuva sim é um algoz fatal
que
evoca a noite que estragou meus dias!
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