Soneto 34
Quando a Ilha fundou,
fundou um reino
e a história começou:
era uma vez
um velho marinheiro sem
navio
que uma Ilha fundou no
próprio rosto.
Isolado ficou na Ilha
intacta,
entre areias e búzios
e sol e chão,
e o mar e os frutos e
as águas nos seus olhos
e o corpo repousado
sobre a relva.
O mundo desatado sobre
a Ilha
era seu. Era sua a
geografia
daquele reino que
fundara um dia,
na infância breve e
logo consumida,
e era sonho e não era,
porque sonho,
e o mistério do sonho
é ser e não.
(Do livro A
Ilha,
de 1969. In
Carlos
Moliterno: vida e obra,
de Arriete Vilela, de 1985, p. 74.)
Abaixo, um vídeo com a
fala do poeta Carlos Moliterno, quando contava 85 anos, com direito à recitação de alguns poemas. O vídeo foi
gravado em 1996, pelos jornalistas Arla Coqueiro e Cláudio Manoel, e
revela um pouco da sabedoria e da perspicácia poética do autor d'A
Ilha.
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