sexta-feira, 24 de abril de 2015

Soneto 34, de Carlos Moliterno


Soneto 34



Quando a Ilha fundou, fundou um reino
e a história começou: era uma vez
um velho marinheiro sem navio
que uma Ilha fundou no próprio rosto.

Isolado ficou na Ilha intacta,
entre areias e búzios e sol e chão,
e o mar e os frutos e as águas nos seus olhos
e o corpo repousado sobre a relva.

O mundo desatado sobre a Ilha
era seu. Era sua a geografia
daquele reino que fundara um dia,

na infância breve e logo consumida,
e era sonho e não era, porque sonho,
e o mistério do sonho é ser e não.


(Do livro A Ilha, de 1969. In Carlos Moliterno: vida e obra, de Arriete Vilela, de 1985, p. 74.)



Abaixo, um vídeo com a fala do poeta Carlos Moliterno, quando contava 85 anos, com direito à recitação de alguns poemas. O vídeo foi gravado em 1996, pelos jornalistas Arla Coqueiro e Cláudio Manoel, e revela um pouco da sabedoria e da perspicácia poética do autor d'A Ilha.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou do poema ou da postagem? Deixe aqui sua opinião.

Diga o que achou do blog ou de algum poema. Agradecemos desde já seu contato.

Nome

E-mail *

Mensagem *