quarta-feira, 15 de abril de 2015

Vestígios de Primavera, de Milton Rosendo












Vestígios de Primavera 


Violetas que eu vi velando o crepúsculo
rosnaram para as rosas que rosaram o poente
assombrando o sono cerrado dos girassóis
que fugiram amedrontados e foram colher
afago com os gerânios que geravam serenatas
para encantar os crisântemos entristecidos
com a morte prematura das onze horas
que jamais confessaram seu amor às margaridas
e sumiram num silêncio somente igual
ao dos lírios que fizeram lagos em torno de si
com suas lágrimas dedicadas às dálias
que espancaram parvas papoulas vermelhas
por um olhar oblíquo que fosse das orquídeas
e eu soube também dos jasmins que se embriagavam
pelas tulipas que eram como freiras
e ficavam orando às horas de Deus
e comungando com o Espírito Santo
como as angélicas que por castidade esqueceram
a lembrança brumosa do beijo vadio dos colibris...




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