terça-feira, 5 de maio de 2015

Soneto, de Aurélio Buarque de Holanda






Soneto

                                                                                  
Amar-te- não por gozo da vaidade,
Não movido de orgulho ou de ambição.
Não à procura da felicidade,
 Não por divertimento à solidão.
                                                                                 
Amar-te - não por tua mocidade
-Risos, cores e luzes de verão-
E menos por fugir à ociosidade,
Como exercício para o coração.
                                                                                 
Amar-te por amar-te: sem agora,
Sem ontem, sem futuro, sem mesquinha
Esperança de amor sem causa ou rumo
                                                                                 
Trazer-te incorporada vida fora,
Carne de minha carne, filha minha,
Viver do fogo em que ardo e me consumo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou do poema ou da postagem? Deixe aqui sua opinião.

Diga o que achou do blog ou de algum poema. Agradecemos desde já seu contato.

Nome

E-mail *

Mensagem *