Um ser natimorto
Gotejam-lhe as palavras
e são cuspidas a esmo
no vácuo, sem sentido
nem sentimento
e o pensamento está no
peito amordaçado
pelos grilhões de sua
nauseabunda existência
Afoga-se no pranto sem
a vértebra da razão
e desfralda-se no
sereno, ao relento
no desvão, nos
pântanos da desilusão
qual bandeira rota de
pátria combalida
e, pelo esquecimento,
encardida, descolorida
Perdera o rumo, o
prumo, a guia do Mestre
e o élan de buscar e
encontrar a bússola da vida
sua sorte, talvez, seja
camuflar-se de si
sob a areia escaldante,
na aridez do deserto
Melhor seria lançar-se
ao destino desatinado
e embrenhar-se na sua
essência selvagem
sem traços, sem
rédeas, sem marcas, sem mapas
e, sem passado,
lembrar-se de si como um ser natimorto
como ventania, como um
nada mais que uma miragem
como um equívoco
inaceitável e perverso da criação
(Fonte:
http://www.simonemouramendes.com/
.)
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